Welcome to Free Audiobooks. Read & listen to Anonymous Heroes, a book I wrote in tribute of workers from all over the world.
"A ira não é uma expressão de força. É indicação de que a pessoa é incapaz de controlar pensamentos, palavras e emoções. Quando essa fraqueza nos domina, a força da razão nos abandona." ~ Gordon B. Hinckley
Uma cidade. Um motoboy. Uma fechada. Uma ferida.
A cidade não tem nome. Mas poderia ser São Paulo, a Nova Iorque brasileira. Com seus onze milhões se acotovelando – apressados – em busca de um sonho indefinido. Para essa massa acostumada aos dramas do cotidiano, os ases do asfalto já fazem parte da paisagem... Às vezes, do próprio asfalto.
O motoboy também não tem nome. Mas pode chamá-lo de Antônio, Beto ou Carlinhos, já que trabalham todos no Grande ABC . Preocupado se deve ou não passar um creme hidratante na jaqueta de couro, nosso herói acaba se esquecendo que a cada quatro mortes no trânsito, uma pode ser a dele. Que a cada dez acidentes com moto, sete são fatais!
A fechada não tem hora. Mas poderia ser agora. À luz do sol ou sob os raios do luar. De ônibus, táxi ou caminhão. De um estranho ou conhecido. Casual ou intencional. Sangue na pista nunca vira poesia. Ainda mais se for de alguém que a gente ama...
A ferida não tem lugar pra tatuar. Pode ser no ombro, no braço ou na mão. Mesmo na perna, já vende algum jornal. Mas se for na cabeça, a chance de sobrevivência já diminui...
Conter os problemas que criamos é tarefa de todos nós. Ao ser confrontado, o melhor é evitar a fechada, e impedir que essa chaga social se abra cada vez mais.
Quem abastece a mente de pretextos para revidar, nem pode imaginar a dimensão desse conflito...
Mas você pode:
Imagine uma luta por espaço que divide uma comunidade em duas – num momento de impaciência que altera a eternidade. Imagine filhos chorosos cobrando a presença de um pai que não retorna, ou um time desfalcado tentando engolir aquele minuto de silêncio...
Imagine um pai chegando ao hospital, e recebendo a notícia que mais temia. Ao ver o filho sem qualquer brilho no rosto, como num final de novela sem direito às cenas do próximo capítulo. Imagine um processo se arrastando pelos tribunais e uma jovem viúva levantando na penumbra pra se fazer de Papai Noel...
Além de imaginar, existem coisas que você pode fazer:
Com gestos tão simples, mesmo sem sair no jornal você vai escrever uma bela página na história da sua cidade...
Uma história que você mesmo vai fazer questão de contar!